Gostou do artigo? Compartilhe!

CÂNCER DE PRÓSTATA

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

Cancer de próstata

O adenocarcinoma é o tipo histológico mais frequentemente encontrado e representa mais de 95% dos casos de câncer de próstata. Os demais tipos histológicos são os sarcomas, o carcinoma epidermoide e o carcinoma de células transicionais.

O câncer de próstata é uma patologia heterogênea e o mesmo tumor pode apresentar regiões de maior e menor diferenciação celular,

 

 ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA

A etiologia do câncer de próstata não é totalmente conhecida. Sabe-se que os principais fatores de risco para o desenvolvimento da doença são a presença de testosterona e a idade. Além disso, dieta rica em gorduras e herança genética são fatores de risco secundários aceitos na etiologia do tumor. Sabe-se também que homens com parentes diretos portadores de câncer de próstata têm risco maior de desenvolver a doença. Esse risco é 2, 4 e 10 vezes maior que o da população geral quando 1, 2 ou 3 parentes diretos são portadores, respectivamente. Outro fator que corrobora a hereditariedade como fator de risco é a presença de genes sabidamente envolvidos no adenocarcinoma de próstata familiar. Por exemplo, o HPC1 (hereditary prostate cancer 1) é um proto-oncogene encontrado no braço longo do cromossomo 1 envolvido no câncer de próstata familiar. Especula-se o envolvimento de outros fatores no desenvolvimento do câncer de próstata, como vasectomia, atividade sexual e ingesta de licopenos, mas nenhum destes teve influência comprovada.

A história natural do tumor de próstata é relativamente imprevisível, com casos que evoluem rapidamente para doença metastática, apesar do tratamento, e casos de evolução lenta e indolente que raramente produzem metástases. Felizmente, a maioria dos pacientes apresenta evolução lenta, permitindo que o tratamento, mesmo sem intenção curativa, possa controlar a doença com sucesso em grande parte dos casos. Apesar dessa imprevisibilidade, alguns parâmetros podem ser utilizados para se definir o prognóstico dos pacientes. São eles:

1. Estádio inicial: pacientes com estádios T1 e T2 apresentam grande possibilidade de cura definitiva após tratamento local. Os que apresentam estádio T3 têm menor índice de cura e aqueles com estádios T4, N1 ou M1 apresentam cura virtualmente inexistente.

2. Valor de PSA: os níveis séricos de PSA normalmente relacionam-se com extensão e estadiamento da doença. Consequentemente, na maioria dos casos, quanto maior o PSA, pior o prognóstico. Sabe-se que pacientes com PSA maior que 20 ng/mL têm grande chance de apresentar doença extraprostática, enquanto aqueles com PSA maior que 100 ng/mL praticamente quase sempre apresentam doença metastática.

3. Grau de Gleason: pacientes com Gleason 8 a 10 apresentam doença pouco diferenciada e agressiva e, portanto, têm pior prognóstico.

4. Volume de neoplasia: quando o volume tumoral é menor que 3 cm3, os pacientes normalmente apresentam doença localizada e quase sempre são curados com o tratamento local. Por outro lado, 80% dos pacientes com volume tumoral maior que 12 cm3 apresentam metástases linfonodais ou ósseas.

DIAGNÓSTICO E SINTOMAS DO CÂNCER DE PRÓSTATA

O rastreamento do câncer de próstata deve ser feito anualmente em todo homem acima de 45 anos de idade sem história familiar e a partir dos 40 anos quando existem antecedentes familiares da doença. Com o rastreamento do câncer de próstata, o diagnóstico passou a ser feito em homens quase sempre assintomáticos e que apresentam doença localizada. O diagnóstico definitivo é feito por biópsia transretal de próstata, frequentemente realizada sob narcose e guiada por ultrassonografia transretal.

Os fatores que potencialmente indicam a biópsia são, de uma forma simplificada, alterações no toque retal, elevação de PSA ou ambos. O toque retal apresenta sensibilidade de cerca de 60% na detecção de tumores de próstata, enquanto o PSA apresenta sensibilidade de 70 a 90%. Do ponto de vista prático, pacientes com toque retal alterado, PSA maior que 4 ng/mL ou ambos devem ser submetidos a biópsia prostática. Entretanto, nessas situações, até 70% dos pacientes apresentam resultado negativo na biópsia, uma vez que elevações de PSA e alterações de toque retal são encontradas em diversas patologias benignas.

Na tentativa de melhorar a sensibilidade diagnóstica e evitar biópsias desnecessárias, foram introduzidos os conceitos de relação entre PSA livre e PSA total e velocidade de PSA. A relação PSA livre sobre PSA total sugere hiperplasia benigna quando é maior que 25% e tumor maligno quando é menor que 15%. Valores entre 15 e 25% são intermediários e não permitem conclusão objetiva. O conceito de velocidade de PSA envolve a elevação dos níveis de PSA no sangue por ano. Quando o PSA total sobe mais que 50% em 1 ano, existe maior possibilidade.

BIBLIOGRAFIA

Adaptado, com autorização, do livro Clínica Médica: dos Sinais e Sintomas ao Diagnóstico e Tratamento. Barueri: Manole, 2007.

1. D’Amico AV, Kattan MW. Cancer of the prostate: detection and staging. In: Urologic Oncology. Saunders; p.459-64.

2. Meng MV, Carroll PR. Clinically localized (stage T1A-T2C) adenocarcinoma of the prostate: surgical management and prognosis. In: Urologic Oncology. Saunders; p.465-76.

3. Holmberg L, Bill-Axelson A, Helgesen F, et al. A randomized trial comparing radical prostatectomy with watchful waiting in early prostate cancer. N Engl J Med 2002; 347:781-89.

4. Partin AW, Yoo J, Carter HB, et al. The use of prostate specific antigen, clinical stage and Gleason score to predict pathological stage in men with localized prostate cancer. J Urol 1993; 150:110-14.

5. Hull GW, Rabbani F, Abbas F, et al. Cancer control with radical prostatectomy alone in 1000 consecutive patients. J Urol 2002; 167:528-34.

6. Roach III M, Lu J, Pilepich MV, et al. Long-term survival after radiotherapy alone: Radiation Therapy Oncology Group prostate cancer trials. J Urol 1999; 161(3):864-68.

7. Pound CR, Partin AW, Eisenberger M, et al. Natural history of progression after PSA elevation following radical prostatectomy. J Am Med Assoc 1999; 281:1591-97.

8. Millikan R, Thall PF, Lee SJ, et al. Randomized, multicenter, phase II trial of two multicomponent regimens in androgen-independent prostate cancer. J Clin Oncol 2003; 21(5):878-83.

9. McAleer MF, Valicenti RK. Regionally advanced adenocarcinoma of the prostate (T3-4N+M0): management and prognosis. In: Urologic Oncology. Saunders; p.494-504.

Comentários

Por: José Newton Lages em 26/05/2013 às 15:58:51

"Descrição bastante didática. Gostei."

Outros Artigos do(s) mesmo(s) autor(es):

 

 

Autor

Dr Milton Cesar Scaramuzza

Dr Milton Cesar Scaramuzza

Urologista

Mestrado em Medicina no(a) Universidade Federal do Paraná.